Série “Filha da Nação” no Canal+: a rebelde de Praga

Zdenka Havlickova não tem rua nem placa comemorativa com seu nome na República Tcheca. Poucas pessoas sabem de sua existência, como se ela tivesse sido apagada da narrativa nacional que ajudou a escrever. Esta minissérie original, coproduzida pelo Canal+ e pela televisão tcheca, preenche essa lacuna adaptando livremente sua biografia publicada em 2013. A jovem tinha tudo para seduzir roteiristas: uma personalidade forte e uma vida romântica marcada por drama e amores proibidos.
A história começa em Praga, em 1871, quando Zdenka, órfã, vive na modesta casa de sua tia costureira. Um grupo de escritores e políticos nacionalistas, buscando libertar o povo tcheco do jugo do Império Austro-Húngaro, decide fazer da adolescente, filha de um escritor renomado, o símbolo vivo da cultura e das virtudes nacionais. Organizam uma loteria para lhe fornecer um dote e planejam escolher um marido para ela... um tcheco, é claro.
Isso sem levar em conta o espírito rebelde da jovem que se apaixonará por um aristocrata polonês, que também serve no exército austro-húngaro. Dupla traição! Traçando o fiasco da operação e o destino destruído de Zdenka, interpretada pelo impetuoso e tocante Antonie Formanova, a série desliza gradualmente da sátira divertida, que denuncia o sexismo da época, para a comédia romântica, terminando em puro melodrama, quando a queridinha da nação se torna um ídolo caído.
Filmado em cenários históricos soberbos, este filme biográfico não hesita em abraçar seus anacronismos por meio de uma produção decididamente contemporânea. Linguagem moderna, trilha sonora e coreografia pop-rock revitalizam o gênero, enquanto cada personagem é apresentado com um cartão detalhando o número de ruas ou monumentos nomeados em sua homenagem para destacar a desigualdade de gênero. O suficiente para ressoar com as gerações mais jovens e irritar os puristas das sagas tradicionais.
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